A Praia do Marco esta localizada a 30 Km de São Miguel do Gostoso, 145 Km de Natal e a 45 Km do Km 0 da BR 101. Esta é uma das praias historicamente mais importantes do município, pois recebeu esta nomenclatura em virtude de ter sido cantado, no local, o marco colonial, trazido pelo Português Gaspar de Lemos, em 1501, como registro de posse das terras descobertas.
Segundo o historiador potiguar Lenine Pinto (1998), é viável defender-se a tese de que o Brasil tenha sido descoberto neste local, pois o padrão encontrado nesta praia tinha todas as características do marco original descrito por Cabral, ao contrario do marco encontrado na Bahia. O marco da praia de São Miguel do Gostoso apresenta toda descrição do famoso marco colonial sendo este, “de pedra lioz, o mármore de Lisboa, tendo no primeiro terço a cruz da ordem de Cristo em relevo, e, abaixo, as armas do Rei de Portugal cinco escudetes em cruz com cinco besantes em santor, sem a bordadura dos castelos”, conforme afirma o historiador Luis da Camara Cascudo, (1955-33). Já o Marco encontrado na Bahia restringia-se apenas a uma simples cruz de madeira.
De acordo com a entrevista feita com a proprietária da pousada Praia do Marco, Tânia Maria, em 1928 o historiador Câmara Cascudo, juntamente com o escritor Nestor de Lima, fez uma visita ao local onde está fincado o marco. Enfrentaram muitas dificuldades, tomaram um jipe emprestado ao Exercito e se deslocaram ate Touros, indo em um jumento ate as proximidades da Praia onde estava o marco. Devido as altas dunas existentes naquele local, eles tiveram que fazer uma caminhada até o lugar desejado. Constataram, então, que a praia limitava-se com os municípios de Touros e Baixa Verde. Todavia, como o ponto de referencia foi Touros, passaram a denominá-lo marco de Touros, hoje o denominado Marco dos Portugueses em São Miguel do Gostoso.
Quem visitar essa praia hoje em dia, contudo, já não irá contemplar o marco original, pois o mesmo foi levado por Oswaldo de Souza, representante do IPHAN, na década de 70, para a Fortaleza dos Reis Magos em Natal, capital do Estado. A retirada do marco causou grande revolta na população, pois as pessoas daquela localidade tinham o mesmo como um monumento sagrado, chegando ate mesmo a fazer romarias para pagarem promessas. As crenças que envolviam o monumento eram de todas as espécies, algumas pessoas tiravam raspas dele para fazer chá e outros mais, pensando que existia ouro dentro do marco, chegaram até a quebrar algumas partes da pedra. Pela resistência da população, enfim, conseguiu-se que ficasse uma réplica do monumento no seu local de origem.
Foi em 16 de julho de 1993, com o desmembramento do município de São Miguel do Gostoso, antes pertencente ao município de Touros, que o marco passou a pertencer ao município de São Miguel do Gostoso devido estar localizado em seu território.
A partir do ano de 1996, já com o apoio do prefeito de São Miguel do Gostoso, João Wilson Teixeira Neri, e da proprietária da pousada que se situa na referida praia, Tânia Maria, alem do concurso de outras pessoas interessadas, passou-se a organizar caminhadas no intuito de trazer o marco original de volta: essas caminhadas são realizadas a cada mês de março.
(Extraído do livro São Miguel do Gostoso: Um município construído a muitas mãos e uma história contada a muitas vozes / organização Wilson Honorato Aragão. – Natal (RN): Natal Editora, 2001.)
PRAIA DO MARCO
por Marta Domingos Gomes e Ângela Maria Monteiro Gomes
PRAIA DE
TOURINHOS
por Keyla Silva e Maria Gizélia Teixeira de Souza
Sol, muito sol. Essa terra é abençoada, faz calor o ano inteiro e também não falta calor humano. Alem das belezas naturais, o município de São Miguel de Touros é ocupado por um povo hospitaleiro e as histórias que correm de boca em boca, são bem curiosas. Entre essas inúmeras belezas naturais localizadas neste paraíso ecológico, destacamos a Praia de Tourinhos.
O senhor Joaquim Gabriel de Miranda, 78 anos, pescador, residente em Reduto, distrito de São Miguel, dizia que na sua infância aquela formação rochosa de origem vulcânica, quando vista do mar, se assemelhava a um rebanho de touros ou tourinhos. Entretanto, sobre a origem do nome e seu relacionamento com esta formação rochosa, Philippe Henry assim se posicionou:
Em 1501, quando se deu a segunda expedição portuguesa a terra de Vera Cruz, os marinheiros de Gaspar de Lemos, juraram ver naquelas pedras, Feras de Chifres luminosos.
Joaquim Gabriel diz também que existe uma pedra localizada na praia que, através dela, é possível fazer a previsão do inverno, ou seja, é possível saber se o inverno será bom ou ruim. Por isso, a cada ano algumas pessoas observam esta pedra e é como se fosse um encantamento. A coisa funciona da seguinte maneira: se o inverno tiver que ser bom, durante a noite a pedra solta gotinhas d’água e até o dia seguinte a terra permanece molhada. Se, ao contrario, o inverno tiver que ser ruim, a pedra solta as gotinhas d’água, mas no dia seguinte a terra estará totalmente seca. Este, portanto, é o sinal da previsão do tipo de inverno para a região.
Contam ainda que a mesma pedra servia também de porto para navios contrabandistas. Um dia, há alguns anos atrás, aconteceu o inesperado: um desses navios encalhou nas rochas, desta vez transportando uísque, e como a carga fosse muito pesada, não havia como removê-lo de lá. Todas as pessoas da redondeza ficaram sabendo e vieram ver o tal navio. O comandante pensou e viu que a única saída seria descarregá-lo ali mesmo naquela praia.
As pessoas que ali estavam presentes compraram uma parte da mercadoria enquanto outras que estavam sem dinheiro por fim ganharam de presente alguns frascos de uísque. Nesta época, encontravam-se algumas pessoas residentes na praia que, com o passar do tempo, foram saindo para morar em outros lugares, provavelmente a procura de outro meio de subsistência, pois aquela linda praia só oferecia sua paisagem e a pesca.
Hoje só encontramos lá a casa de um italiano que de vez em quando aparece para passar uma temporada. Mesmo que esteja desabitada, um deus lá ficou. E descansa nas rochas vulcânicas açoitadas pelas ondas dos ventos e pelo sol, o eterno pôr-do-sol.
Mas a caminhada na praia é um prazer. Sente-se o ar puro, a brisa do mar é também a gostosa umidade da água do mar. A beleza dessa praia é tanta que é impossível retratá-la neste texto. Por isso, convidamos você, caro leitor, para visitá-la e se deliciar você mesmo com tão grande dádiva da natureza.
(Extraído do livro São Miguel do Gostoso: Um município construído a muitas mãos e uma história contada a muitas vozes / organização Wilson Honorato Aragão. – Natal (RN): Natal Editora, 2001.)
A praia do Maceió é mais um dos pontos turísticos de São Miguel do Gostoso. Sua história é simples, porém importante: segundo o depoimento de seus antigos moradores, esta praia teria recebido este nome graças às grandes marés que ocorrem neste local, as quais formavam Maceiós (pequenas lagoas formadas pela água do mar).
Ali, nas proximidades do mar, por exemplo, foi formada uma lagoa devido a este fenômeno. Nela eram encontradas várias espécies de peixes, tartarugas e até mesmo jacarés, pois algumas pessoas as usavam como cativeiro.
As chuvas também contribuíram para sua permanência durante muito tempo. A mesma foi batizada como Lagoa de Chico Neri, uma vez que este senhor foi a primeira pessoa a ter colocado peixes nela e, por isso, resolveram assim chamá-la.
Hoje, porém, o fenômeno acima descrito já não existe mais, devido as dunas que se formaram e impediram a entrada do mar. Assim, as marés já não são iguais e tudo isso aliado à seca contribuiu para o fim da lagoa embora o nome da praia do Maceió permaneça até hoje.
Existia, também, nesta praia, um tipo de vegetação chamada gameleira, que com a degradação do ambiente, também foi extinta. O primeiro pescador do lugar foi o senhor João Barbosa, apelidado de João Quenga, e o tipo de embarcação utilizada na época eram a jangada e o paquete. Os pescadores usavam, basicamente, em sua atividade, a linha com anzol e a rede de fio de seda e pescavam apenas peixes. Hoje, existem aqui vários tipos de embarcação de pesca; alem do peixe começou a pesca da lagosta e, devido a ela, foram construídos dois frigoríficos no ano de 1990: um pela empresa AUTO-MAR e outro pela empresa EMPESCA. Estes frigoríficos forneciam o gelo aos pescadores, uma vez que antes eles precisavam buscar em outras localidades em troca da compra da lagosta. Hoje, porém, os dois frigoríficos encontram-se fechados.
Em fevereiro de 1997 encalhou na Praia do Maceió uma enorme baleia cujo peso foi estimado em seis toneladas. A sua inesperada visita chamou atenção de crianças e adultos que, movidos pelo espetáculo, ficavam quase o dia todo a admirá-la. A tal baleia acabou causando uma grande disputa entre dois grupos de pescadores: os pescadores mais antigos, que queriam matá-la para comer a sua carne e o outro grupo, formado basicamente por jovens, que lutavam para salvar a baleia das mãos dos que desejavam sacrificá-la. Depois de algumas horas de discussão, veio a vitória daqueles que amam e preservam a natureza: o grupo dos mais jovens conseguiu convencer os que desejavam matar a baleia, vencendo assim o bom senso.
Dois dias depois, porém, a baleia apareceu morta em outra praia vizinha, mas a luta e a demonstração de amor pela natureza ficaram como lição de vida para a população local.
(Extraído do livro São Miguel do Gostoso: Um município construído a muitas mãos e uma história contada a muitas vozes / organização Wilson Honorato Aragão. – Natal (RN): Natal Editora, 2001.)
PRAIA DO MACEIÓ
por Keila Cristina Ferreira Neri e Ana Célia Gomes Neri
PRAIA DA XEPA
Segundo Sr. Severino Gomes da Silva, popularmente conhecido como o Sr. 20 por ter sido o n° 1020 a sua identificação no exército, em 1944, foi destacada para Gostoso um pelotão do exército, do qual o Sr. 20 participou. Xêpa, de acordo com o Sr. 20, em termos militares significa comida. Sr. 20 disse que a sobra da xêpa dos soldados acampados em Gostoso sempre era distribuída entre a população, na praia que hoje leva o seu nome.
PRAIA DO CARDEIRO
A Praia do Cardeiro nasceu da invasão do mar sobre as terras localizadas entre a Ponta do Santo Cristo e a Praia da Xêpa. Lá tinha uma formação rochosa com um pé de cardeiro (tipo de cacto comum no Nordeste) sobrevivendo à água salgada. Vem daí o nome dessa praia de ondas fortes e areia fofa e clara.
PRAIA DA PONTA DO SANTO CRISTO
Na charmosa Ponta do Santo Cristo, os praticantes de Kite e Windsurf desenham o céu de Gostoso com suas coloridas velas e pipas de setembro a abril. É a praia escolhida por velejadores, pelas inigualáveis condições de vento e temperatura. Ideal para apreciar o pôr-do-sol à beira mar.