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O distrito de Tabua, distante a 15 km da sede de São Miguel do Gostoso, destaca-se pelo trabalho artesanal que a sua população desenvolve. Lá ainda podemos encontrar pessoas que trabalham com a palha, conforme a informação de Dona Maria Barbosa da Silva, de 55 anos de idade, viúva e mãe de cinco filhos. Ela ressaltou, entretanto, que não há mais incentivo para produção do artesanato: o trabalho feito em palha de carnaúba, por exemplo, era bem feito. Confeccionava-se surrão, que é um tipo de saca para armazenar farinha de mandioca e também fazia-se, porta-joias, bandejas, fruteiras, roupeiros, porta-copos, porta-guardanapos, esteiras, tapetes, chapéus, etc. Mas infelizmente toda essa produção, segundo dona Maria Barbosa, não tem comércio na própria localidade, o que faz com que os artesãos precisem procurar comercialização fora do distrito.

 

Dona Maria Barbosa da Silva também aprendeu a fazer labirinto com suas tias, outro artesanato que é muito bonito. Segundo ela dá muito trabalho, mas não tem venda porque o poder aquisitivo do povo é muito baixo e além disso há os atravessadores que aparecem para comprar e só fazem enganar os artesãos locais. Eles levam as peças e nunca mais aparecem sendo este um dos muitos fatores que contribuem para o artesanato esteja se acabando na região. Os jovens, a quem deveria ser passada a tradição do trabalho, não querem aprender o ofício porque segundo eles a tarefa não dá retorno financeiro. Eles participam sempre da história dos artesãos que são enganados e não querem seguir essa profissão. Muitos já deixaram de trabalhar com a palha, saindo até mesmo de Tabua, indo morar em outras terras; pelo menos lá eles têm terra para trabalhar e é mais fácil conseguir dinheiro.

 

Dona Maria Barbosa, mesmo continuando morando na Tabua, para ela o artesanato é apenas uma lembrança. Ela ainda falou que sua irmã Sebastiana, conhecida com Bastinha, era a maior cesteira da comunidade, mas também está desmotivada e até já saiu do lugar, passando a morar num assentamento onde pode trabalhar na terra.

 

Visitando a cidade de São Miguel do Gostoso, encontramos Dona Maria de Lourdes da Silva, 43 anos, mãe de vários filhos e labirinteira desde os 09 anos de idade. Aprendeu com uma tia, mas as filhas não quiseram aprender a arte, elas não valorizam muito esta atividade pelo fato de não haver quem compre o produto do seu trabalho. Prefeririam estudar para arranjar um emprego para que quando termine o mês, possa receber o seu dinheiro pelo trabalho produzido.

 

Dona Maria de Lourdes também é professora aposentada: trabalhou 25 anos conseguindo conciliar as duas profissões para ajudar no orçamento doméstico. Hoje ela é costureira da cidade do Gostoso, fazendo labirinto somente nas horas vagas ou quando não tem costura; isto só para não perder o treino. Ela diz que a costura dá mais lucro e o pagamento é imediato. Dona Lourdes já foi monitora de alguns cursos de artesanato, mas falou que não gostou da experiência porque, segundo ela, suas alunas não eram interessadas, não procuravam fazer o artesanato com perfeição como ela aprendeu a fazer.

 

Através das entrevistas realizadas com os artesãos do distrito como também das peças artesanais mostradas por eles, chegamos a conclusão de que as autoridades, em conjunto com a comunidade, não podem deixar desaparecer um trabalho tão bonito, que resgata a arte do povo de uma região, como é o caso do artesanato de palha e labirinto do Gostoso.

 

(Extraído do livro São Miguel do Gostoso: Um município construído a muitas mãos e uma história contada a muitas vozes / organização Wilson Honorato Aragão. – Natal (RN): Natal Editora, 2001.)

O ARTESANATO DE SÃO MIGUEL DO GOSTOSO

por Maria do Rosário Assunção Farias e Maria José Santana de França

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O BOI DE REIS

por Francisca Gomes Pinheiro

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O folclore de São Miguel de Touros andava esquecido até que no ano de 1995 foi trazido de volta, através de um grupo folclórico criado no município, o popular “Bumba Meu Boi”: a ideia era infiltrar essa prática folclórica como atividade educativa, o que infelizmente não foi conseguido. Mas formamos, juntamente com a comunidade, esse grupo folclórico e hoje a festa faz parte do calendário de festividades do município. As datas festejadas pelo grupo folclórico são as seguintes: Semana Folclórica; Dia de Reis; Emancipação do Município e Festa do Padroeiro do Município.

A atividade folclórica “Bumba-Meu-Boi” foi reativada através da pessoa de Francisca Gomes Pinheiro e para retomar este grupo passamos por várias dificuldades financeiras: é que por sermos na época um distrito carente não tínhamos condições de manter o grupo com a infra-estrutura necessária para funcionar. Era necessário, por exemplo, roupas, alimentação, transporte para o deslocamento para outras comunidades etc. Foi aí que entramos em contato com a comunidade e conseguimos organizar o grupo com algumas pessoas. Conseguimos também papel laminado para confeccionarmos as roupas para podermos fazer as apresentações do grupo. Já no ano seguinte, conseguimos um patrocínio através da pessoa de Anne Raboud, que faz parte de uma organização não governamental, a AACC (Associação de Apoio às Comunidades do Campo) e, por conta desse patrocínio, conseguimos as roupas e acessórios necessários ao funcionamento do grupo.

 

Hoje, o grupo se apresenta nas comemorações já citadas e também em seminários e oficinas, assim como nas comemorações de outras comunidades ou de outros municípios, trazendo mais adeptos à atividade que ora estava esquecida.

Mas a finalidade principal desta manifestação folclórica ainda continua como no propósito inicial, isto é, colocar-se para a comunidade também como atividade educativa, o que aos poucos estamos conseguindo.

 

O Grupo Folclórico “Bumba-Meu-Boi” é constituído por vinte membros distribuídos da seguinte maneira:

  • 04 Maruja Suja;

  • Birico

  • Mateu

  • Sizudo

  • Velha;

  • 02 Baianas (homens vestidos de mulheres)

  • 10 Galantes.

 

A partir do ano de 1997, o grupo passou a ter o apoio total da Prefeitura Municipal de São Miguel de Touros. Este apoio consiste no custeio das despesas com o deslocamento para outras localidades, com o pagamento do sanfoneiro, da compra dos uniformes e do fornecimento da alimentação para os seus membros.

Hoje o grupo vem crescendo mais do que o esperado e ainda continua as suas atividades folclóricas sob o comando da mesma pessoa que o reativou, que é a senhora Francisca Gomes Pinheiro, que, como já dissemos, tem o apoio total da Prefeitura Municipal de São Miguel de Touros.

 

(Extraído do livro São Miguel do Gostoso: Um município construído a muitas mãos e uma história contada a muitas vozes / organização Wilson Honorato Aragão. – Natal (RN): Natal Editora, 2001.)

REALIZAÇÃO

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